domingo, 25 de outubro de 2009

Integrando layout com movimentação de materiais

Quem depende de quem? O layout depende do sistema de movimentação ou o sistema de movimentação depende do layout? Se esse simples questionamento está sendo feito em sua organização, anime-se! Vocês estão no caminho certo! Um é causa (layout) e outro é efeito (MAM). O primeiro passo para o desenvolvimento de um adequado projeto de movimentação e layout é o de perceber que existe uma relação direta entre os dois temas.

Alterando o sistema de movimentação
Dependendo do sistema de movimentação a ser utilizado, pode-se obter configurações diferentes para o arranjo físico da planta (layout). Por exemplo, utilizando um sistema de movimentação baseado em veículos industriais, tais como carrinhos industriais, empilhadeiras, rebocadores, etc., temos que considerar no layout um adequado dimensionamento de corredores a fim de que os mesmos atendam à circulação e manobrabilidade do equipamento e da carga a ser movimentada.
Já a utilização de transportadores contínuos na movimentação de materiais possui uma concepção diferente dos corredores de circulação, pois os mesmos serão necessários para atender basicamente ao fluxo de pessoas, sendo que o fluxo de materiais estará restrito aos transportadores que poderão inclusive ser aéreos, aproveitando o espaço sobre os equipamentos e eliminando a necessidade de corredores.
Com esse mesmo princípio, temos os equipamentos de elevação e transferência, onde as pontes rolantes, os pórticos e os guindastes são utilizados na movimentação, fazendo com que os materiais movam-se entre as áreas de um layout com grande flexibilidade de acesso.
Dessa forma, o que se pode concluir é que existem diversas variáveis relacionadas aos sistemas de movimentação de materiais que afetam significativamente o layout, tais como:
• área de acesso de uma ponte rolante;
• raio de giro de uma empilhadeira;
• largura de carrinhos industriais;
• tamanho da carga a ser movimentada;
• tamanho dos contenedores;
• e dimensões dos transportadores contínuos, entre outros.
Largura média de corredores em função do tipo de empilhadeira utilizada:
Tipo de empilhadeira Largura de corredores*
Contrabalanceada 2,60 a 3,50 m
Patola (operador em pé) 2,00 a 2,40 m
Patola (operador sentado) 2,40 a 2,70 m
Lateral / Qadridirecional 2,00 a 2,20 m
Mastro Retrátil 2,10 a 3,00 m
Pantográfica 2,10 a 3,00 m
Trilateral 1,60 a 1,90 m
Selecionadora de pedidos 1,00 a 1,70 m
Manual (tração manual) 2,00 a 2,20 m
* Nota: Considera-se movimentação de paletes de 1,20 m de comprimento por 1,00 m de largura, capacidade de 1.000 a 1.500 kg e diferentes modelos de empilhadeiras disponíveis no mercado.

Alterando o layout
Alterações no layout afetam também significativamente o sistema de movimentação. Aliás, a única maneira possível de racionalizar a movimentação de materiais em uma planta industrial ou em um armazém, é por meio de otimização de layout. E se não for possível avaliar novas alternativas de mudanças de layout, não será possível racionalização da movimentação, apenas sua automatização com a utilização de sistemas de movimentação mais eficientes.
O que se deve ressaltar também é que não é necessário, em muitos casos, grandes investimentos para se alterar um layout, pois citando o exemplo de um centro de distribuição, a simples troca de posição dos endereços dos itens/produtos pode afetar significativamente a movimentação. Ou seja, otimizar um layout é reduzir as distâncias a serem percorridas pelos fluxos de materiais.
Alterando-se um layout, podemos reduzir sensivelmente o momento de transporte (vide "Análise científica", a seguir) e consequentemente teremos que rever o sistema de movimentação a ser utilizado.
Análise científica
Analisando cientificamente os impactos das diversas alternativas de layout sobre a movimentação de materiais, destacaram-se 2 (duas) variáveis responsáveis pelo dimensionamento dos recursos de movimentação necessários: intensidade de fluxo e distância.
A intensidade de fluxo quantifica o fluxo de materiais em termos de movimentação por unidade de tempo, tais como: paletes/dia, viagens de empilhadeiras/hora, etc. A intensidade afeta, portanto, a necessidade de mais ou menos recursos de movimentação.
E a distância? A distância se faz necessária para mensurarmos quanto um determinado equipamento de movimentação deve percorrer no fluxo. Quanto menor a distância a ser percorrida, menor o tempo gasto pelo equipamento de movimentação.
A fim de trabalharmos com um indicador único que considere intensidade de fluxo e distância a ser percorrida recorremos ao momento de transporte.
Este indicador é utilizado para identificar uma variável que combina intensidade de fluxo com a distância a ser percorrida e dessa forma termos:

Momento de Transporte = Intensidade de Fluxo x Distância

De posse do momento de transporte, podemos identificar se um layout é mais ou menos eficiente do ponto de vista de movimentação.
A distância, afetada pelo layout, ou seja, a forma em que distribuimos os pontos de origem e destino dos movimentos e a intensidade de fluxo fornecem subsídios para determinação e dimensionamento dos equipamentos de movimentação.
Conclusão
Uma solução integrada de layout com o sistema de movimentação possibilita diversas alternativas que precisam ser avaliadas em relação a sua viabilidade técnica e econômica, caso contrário corre-se o risco de se investir grandes somas em novos sistemas de movimentação e novos layouts, obtendo-se um benefício pequeno.

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